Resgate de Acervos

O que fazer depois de ver um prédio inteiro ser consumido por fogo?

O que fazer quando todo mundo afirma que tudo foi destruído?

Ter certeza.

O incêndio que afetou o Museu Nacional em setembro de 2018 não destruiu o Museu nem acabou com todas as coleções. Divulgar o fim catastrófico das coisas após um evento do tamanho do sinistro ocorrido não parece nada estranho, afinal dava para pensar isso diante do que aconteceu.

E como é comum por aqui, a primeira informação é a que vale para sempre, mesmo que depois ela seja atualizada, alterada e que se perceba que a realidade é diferente do especulado.

Assim foi com o Museu. O barulho de que tudo havia sido perdido abafou as notícias de que muito havia sobrevivido, de que havia gente disposta a ficar o tempo que fosse no prédio para recuperar o que fosse possível e confirmar o que, de fato, foi destruído. 

Mas um museu de ciências não se pauta pela especulação. Foi para comprovar o real impacto do sinistro  que surgiu entre os funcionários do museu a firme determinação para buscar essa resposta nos escombros do Palácio. E você estar lendo isso hoje mostra o quanto essa determinação era necessária. As notícias erraram nas especulações da mesma forma que os mais otimistas: a quantidade de peças do acervo que sobreviveram à tragédia foi gigantesca, em comparação com as dimensões do próprio incêndio.

A tarefa dramática, que misturou dor e esperança, foi realizada pela Equipe de Resgate que enfrentou o cenário de destruição para trazer de volta peças e fragmentos de nosso patrimônio.

Este site, assim como diversas outras divulgações feitas pelo Museu e pela UFRJ e instituições parceiras, são a forma que temos para mostrar o resultado do trabalho desenvolvido desde 2018 e que seguirá até a última peça recuperada estar devidamente tratada e pronta para ser mostrada ao público ou pesquisada.

Um panorama sobre as atividades da Equipe de Resgate de Acervos

Detalhes sobre a estruturação e os procedimentos empregados ao longo dos trabalhos de resgate podem ser consultados em nossas publicações. Entre os elementos principais dessa empreitada, ressaltamos, o planejamento, a colaboração de diferentes parceiros (pessoas físicas, instâncias do MN e da UFRJ e diferentes instituições nacionais e internacionais), sem esquecer a determinação daqueles que compuseram a equipe de resgate, estruturados e organizados a partir do Núcleo de Resgate de Acervos do Museu Nacional, instância temporária, oficialmente reconhecida, cujo primeiro encontro de seus participantes iniciais remonta ao dia nove de setembro, sete dias após o incêndio.

Planejar e executar o resgate não foi tarefa simples. Em geral, as atividades de recuperação no interior do palácio deveriam se seguir às ações da área de triagem. Nesta área seria feito o registro e documentação das peças, sua estabilização e, posteriormente, o encaminhamento ao local de acondicionamento e guarda temporária ou a um dos laboratórios, especialmente montados para ações de conservação emergencial e preventiva. Os registros em formulários próprios, deveriam ser também digitalizados para uma planilha on-line.

Quanto à composição da equipe, esta foi prioritariamente constituída por servidores do MN, envolvendo profissionais de diversas áreas, em especial aqueles ligados à curadoria das coleções e profissionais ligados à área da conservação (organizados em um Núcleo de Conservação específico para as ações de resgate). Em função de limitações legais, não foi possível estabelecer um programa de voluntariado, todavia pudemos contar com colaborações de alguns profissionais e de vários alunos (com acesso apenas à área de triagem) matriculados nos programas de Pós-graduação em Arqueologia e em Patrimônio Geopalentológico, ambos do MN e dos cursos de graduação de Arqueologia da UERJ e Conservação e Restauração da UFRJ.